Fabrício Nantes Gialdi, de 8 aninhos, morador de Rio Brilhante, a 161 km de Campo Grande, já está “fazendo a feira”. O pequeno, que estuda Centro Educacional Criança Esperança V, trouxe para casa couve e cheiro verde que sua mãe usou no almoço.
Os produtos não foram comprados com a moeda brasileira, o Real, e sim com os “brilhantinhos”, uma moeda social criada pelo município junto de Sebrae/MS e de uma cooperativa de crédito parceira.
A moeda adquirida por meio de troca: as crianças da escola apenas do 4° ao 5° ano dão produtos recicláveis e recebem os “brilhatinhos” de acordo com a quantidade. Depois, pode fastar o dinheiro na feirinha orgânica da cidade. Um “brilhantinho” vale um real.
“Eu levei latinhas para trocar o que me rendeu quatro brilhantinhos”, diz Fabrício.
Segundo o diretor de Operações do Sebrae/MS, Tito Estanqueiro, a iniciativa se faz relevante e deve contribuir para o futuro da cidade. “O programa Cidade Empreendedora propõe a transformação dos municípios e este trabalho é um passo importante para formar cidadãos conscientes e protagonistas, promover o ciclo virtuoso da economia e fortalecer os pequenos produtores”, ressaltou Tito.
No Centro Educacional Criança Esperança VI, o projeto envolve atualmente cerca de 170 estudantes. Para a diretora, Lúcia Gomes Pedroso, o trabalho vem de encontro às ações já desenvolvidas na escola em prol da educação ambiental, além de auxiliar as famílias na alimentação das crianças.
“A iniciativa vai ajudar muito os nossos estudantes, principalmente, nesse período de pandemia. Com as aulas remotas, a gente tem distribuído o Kit Alimentação referente à merenda escolar que eles receberiam aqui, e agora com o projeto eles vão poder garantir outros alimentos em casa. Vamos organizar os dias das trocas dos recicláveis pela moeda social por turma, para evitarmos aglomeração”.
OS alimentos são tocados nas barracas dos produtores que trabalham na feira municipal e se cadastraram no projeto. Junto com os pequenos agricultores, a Escola Família Agrícola Rosalvo da Rocha Rodrigues – EFAR também faz a venda das hortaliças e leguminosas produzidas pelos estudantes e é uma das barracas inscritas no Recicla Brilhante.
Segundo a diretora administrativa da escola, Ana Cláudia Pereira da Costa, na instituição há 92 jovens, residentes de 12 assentamentos de Mato Grosso do Sul, que cursam o ensino médio integrado ao técnico. As vendas dos produtos são revertidas em insumos para manter a própria instituição e com o Recicla Brilhante ela acredita que a arrecadação irá aumentar.
“Temos a esperança de que as nossas vendas dupliquem por conta do projeto. Isso é muito importante para nós conseguirmos continuar desenvolvendo as pesquisas e atividades de cunho pedagógico para a formação desses jovens que saem daqui como técnicos em agropecuária. Além disso, o projeto vem como uma maneira de mostramos para eles, na prática, que é possível produzir e garantir renda com a venda desses produtos”, concluiu a diretora.
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